Atualizando o kernel do Linux no Debian

  O Projeto Debian é mais do que uma simples distribuição GNU/Linux. Entre suas principais características está a estabilidade, que é obtida por um ciclo de gerenciamento das versões de cada pacote bem definido. A versão estável do Debian ( Debian stable ) recebe um codinome inspirado em personagens do Toy Story e geralmente tem uma garantia de atualizações de segurança e manutenção por parte do Debian de vários anos. Por este motivo, ao usar o Debian stable você pode estar com o software atrasado  em novidades, mas geralmente bem estável e largamente testado, além de contar com suporte de segurança por 3 anos (e em alguns casos, por mais 2 anos de Long Term Support ). Snap e Flatpak Para utilizar versões mais novas de alguns programas no Debian stable, existem algumas opções. Uma delas, que não interfere com o seu software no sistema, seria utilizar a versão do programa utilizando o Snap ou Flatpak . Ambos estão disponíveis no Debian como uma fonte de software alternativa, e você

Mudar de carreira aos 45 do segundo tempo? Sim!



Já faz um tempo desde que eu escrevi o último post... Foram tempos bem ocupados desde o último projeto que trabalhei apoiando a Benefício Fácil na integração para prestação de serviços junto à Sodexo. Afinal de contas, não é tão trivial assim processar um milhão de benefícios a cada mês!

Muita coisa aconteceu mesmo. A família cresceu com a chegada da Lívia, mudamos de apartamento (de novo!), e eu até virei Diretor de Tecnologia da Informação! Nada mau, para um menino nascido lá no interior de Minas Gerais! Depois de um longo período de desafios, e de um ano atípico como foi o ano de 2020, eu refleti muito. A reflexão na verdade começou em 2019, no último trimestre. 

Eu tinha uma abordagem não muito convencional ao entrevistar os candidatos nas vagas de emprego que possuíamos em aberto. Gostava de ver a trajetória, repassando as experiências de trabalho da mais antiga até a mais recente. Sua trajetória diz muito sobre o que você é hoje. Querendo ou não, você carrega um pouco de cada uma dessas experiências e elas compõem o seu conjunto de valores, seu caráter. Ao terminar, pedia para o candidato responder à pergunta clichê: "onde você se vê daqui a dois anos?". Em uma das entrevistas, essa pergunta ficou ecoando na minha mente: "e você Bill, onde vai estar daqui a dois anos?". E o pior: eu não tinha resposta!

Eu estava insatisfeito com a minha atuação como diretor. Confesso que não havia me preparado para seguir essa linha de gestão. Foi tudo meio na linha do Zeca Pagodinho: deixando a vida me levar, e ela me levou até onde eu estava. Mas sabe quando você tenta encaixar um quadrado dentro de um círculo? Se o círculo for um pouco grande, até cabe. E se você ampliar o quadrado, preenche bem mas fica sempre faltando uma parte. Eu era um quadrado tentando estar em uma cadeira redonda. Não cabia.

Ora, eu havia feito graduação em Ciência da Computação, ministrado aulas, atuado como instrutor do Google e até mesmo tentado fazer a gestão de profissionais de tecnologia. Deveria ter algo que eu pudesse fazer! Seguir como diretor seria como começar uma carreira do zero, porque boa parte dos conhecimentos e experiências que eu havia acumulado, não eram tão úteis para a função. Em uma reunião de planejamento estratégico, o conhecimento técnico é pouco útil. Eu até pensei em estudar e me especializar. Cheguei a dizer que queria ser o melhor Diretor de TI do mundo. Mas ao ler a ementa da especialização, fiquei desanimado.

Tentei então sentar na cadeira acadêmica. Me matriculei em um curso rápido, de quatro sábados. Consegui assistir a três aulas do curso de Estruturas de Dados Puramente Funcionais da UFABC. Excelente curso, pena que eu só entendi o início da primeira aula: além de não me recordar mais nem o que era uma árvore rubro-negra (não, ela não é uma árvore com uma bandeira do flamengo), eu mal consegui instalar o Haskell e fazer um "olá mundo".

Até tentei programar de novo, algo que sempre foi minha paixão por mais de uma década. Mas o burnout estava me bloqueando de conseguir raciocinar. Ouvir a palavra "quando fica pronto" imediatamente me retirava a paixão e convertia ela por um ódio meio sinistro...

Nessa altura chegou a bater um desespero. Cadeira redonda, quadrada, triangular, nenhuma delas estava servindo. Eu já estava até me vendo sem perspectivas de progredir na carreira. Foi aí que eu encontrei uma nova oportunidade: a de ministrar treinamentos do Google Cloud com a Arki1, uma empresa parceira de treinamentos do Google Cloud.

Ah o Google. Chegava a brilhar os olhos ver e usar as tecnologias do Google Cloud, entender o modo diferente de pensar dos googlers ao implementar soluções, e dividir elas nos eventos do Google I/O. E, ensinar sempre foi também uma paixão. Refletindo, lembrei que sempre tive um pé na sala de aula, de um jeito ou de outro.

Na escola, logo ao entrar no ensino médio, comecei com a monitoria de física. Na faculdade, idem: monitor de física e geometria analítica. Após me formar, dava aulas de Compiladores e Inteligência Artificial de noite, e treinava professores da rede pública de Vitória aos finais de semana, no projeto Vix Linux. Ao me mudar para São Paulo, dividia o tempo entre o primeiro ano trabalhando na Benefício Fácil e dando aulas para os alunos do Colégio Técnico da Unicamp.

Mesmo depois de não estar mais formalmente trabalhando dando aulas, sempre promovia eventos de capacitação interna, participava de meetups e palestras, e até comecei em 2015 a dar treinamentos do Google Cloud.

Enfim, veio a decisão: trocar o side-project de ensinar para ele virar o meu daily driver. Em fevereiro de 2021 dei meu primeiro treinamento, e foi um dia de trabalho tão cheio de realização que consolidou a decisão: valeu a pena! E voltar a dar aulas também me vez voltar a ter a energia para aprender. Estudei bastante e já consegui 6 certificações do Google Cloud, ainda restam quatro que pretendo concluir ainda este ano.

Se você chegou até aqui, espero que este relato tenha te inspirado: Nunca é tarde para começar, e tem horas que aquilo que mais precisamos, já estava conosco o tempo todo!

Comentários

  1. Simplesmente inspirador! Escolhas exigem coragem. Não é incomum seguirmos caminhos na nossa trajetória que foram imputados pela família, pelo mercado e, ao longo dos anos, nos vermos sem propósito de vida, e, por consequência, frustrados.
    Identificar esse cenário e trilhar uma caminhada em torno do seu propósito é libertador!
    Fantástico Bill!
    Parabéns.

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  2. Amei!!! Ronoaldo vc me inspira!!! Sempre muito dedicado e muitas vezes sabíamos que o burnuout estava chegando. A decisao de mudar é corajosa e de fato só constata o quanto acredita em você é em seu propósito. Parabéns e nada menos que muito sucesso p você. 👏

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  3. Que legal sua trajetória e coragem Ronoaldo! Vc sempre foi um exemplo a ser seguido! Desejo continuidade de sucesso! (ass: Mara, a menina da sua sala do Curso de Ciência da Computação, na FIC de Caratinga, entre 2004 e 2008 caso vc tenha esquecido ahahahahahhahahaha)

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  4. Lendo o texto fiquei até com nostalgia das suas aulas de linux na faculdade, muito interessante perceber que dilemas, trilemmas .... que vivemos também acontece com pessoas que conhecemos e admiramos, principalmente nesse grande mundo de tecnologia onde sabemos que precisamos mudar e adaptar mas ao mesmo tempo sabemos que a vida muda e as prioridades vão mudando. As vezes o que nos encantava no passado não tem o mesmo peso no presente, e precisamos aceitar e continuar, buscando encontrar novas paixões ou mesmo resgatar aqueles que não demos tanto atenção no passado.

    Abraço

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